Ser feliz ou ter razão?

Indagação constante.
Quero as duas. Podem andar juntas.
Ser feliz é a eterna busca do ser humano.
Ter razão é coisa de gente teimosa, parece.
Só quero ter razão em ser "defensora" do Brasil, lá no Facebook (e aqui, algumas vezes).
Não sou paga para isso, mas "defendo".
"Defendo" o indefensável?
Não sei. Defendo minhas convicções.
Sou tão "vítima"  do sistema quanto qualquer um.
Corro riscos todos os dias.
Rezo várias vezes ao dia, pela segurança dos meus (e de todos, pois a indignação é enorme).
Tenho os mesmos medos que a maioria: da violência, da impunidade, do despreparo de governantes, policiais, médicos, engenheiros, contadores, etc., humanos que podem cometer erros, muitos involuntariamente e tantos por livre e espontânea vontade.
Não sou alienada, não vivo numa bolha, mas defendo que temos jeito, sim. Senão, para que continuar insistindo? Por que, então, não fazer as malas, apagar a luz e sair do país? Se for porque não tenho condições para isso, então vou ajudar, em vez de malhar.
Não quero ser conhecida como a chata que "corrige" erros de português no Facebook, nem por ser "defensora" de um país à beira do caos.
Mas é fácil sentar na frente da telinha e desfiar uma série de contratempos que se teve ao desembarcar num aeroporto e se ver vítima do caos, agourando que na copa será muito pior. É fácil procurar manchetes deprimentes de jornal e estampar no seu mural, só pondo lenha na fogueira.
Não sei se temos jeito, mas é aqui que vivo, daqui não posso, não quero e não vou sair, e então o melhor que faço é acreditar que ainda acordaremos esse gigante e ele nos salvará!
Tenho medo de assistir ao noticiário de TV e de ler a página policial. Tenho medo da banalização da vida, de meninos e meninas com armas nas mãos, armas que se sabe de onde vêm e ninguém faz nada.
Tenho tristeza da injustiça social, da miséria que  ainda se tem num país que tem tudo para ser rico e forte. 
Sábado li reportagem mostrando que há regiões de MG, nem tão longe da capital, onde há moradores que nunca tiveram luz em casa. Não têm uma geladeira em casa. O sonho de um senhor é poder beber uma água gelada.
Nojo desses governantes? Tenho, muita.
Quantas páginas escreveria, só falando da minha indignação, da minha tristeza, da minha impotência?
Mas acho pouco justo só falar. Mea culpa.
Tal qual um pai sai em defesa de um filho injustiçado, também devemos sair em busca de soluções para as misérias do nosso Brasil.
Tenho medo, tenho tristeza, tenho vergonha de admitir que nada faço.
Posso ser vítima, como qualquer um, de alguma violência ao sair da porta da  minha casa. Mas confio em Deus que isso não se dará. 
Como confio que há uma luz no fim do túnel e que somos parte da mudança que queremos ter, para viver em segurança.
Vivemos dias de guerra verdadeira, com menores de 16 anos matando a troco de nada.
Menores "vitimas do sistema", que não educa, não prepara, não dá período integral nas escolas e cursos profissionalizantes, a partir dos 14 anos. 
Trabalhar aos 16 anos (como meus irmãos começaram; minhas filhas aos 18 anos, meu filho aos 19, estudantes ainda) não pode, mas pegar numa arma, traficar, etc. pode?
Sou feliz e tenho razão ao "defender um paizinho de merda" como o nosso, porque é aqui que vivo e quero uma vida melhor para meus netos.
Não preciso viver em Paris, por exemplo, como gostamos de dizer ("melhor chorar em Paris, né?"), para ser feliz. Mesmo porque, o que define nossa felicidade é o que vai por dentro. Nada material, visual, gustativo, auditivo, etc. pode nos fazer felizes, senão nós mesmos, de dentro para fora.
Na medida do possível, vou ficar calada quanto a isso.
Encerro aqui minha fase de "ter razão". Sonhando com o dia em que ouvirei um "ela tinha razão, valeu a pena acreditar que ia dar certo".
Quero mais é ser feliz. 


Então, tá.

8 comentários:

chica disse...

Se temos razão, é fogo segurar a língua, mas precisamos dominá-la. Somos maiores que ela, e por deixar que ela fale destrambelhadamente, podemos perder momentos felizes,rs beijos,chica

Trilhamarupiara disse...

Oiii Lúcia, gostei muito do seu texto, eu não iria chorar em Paris, por que a cidade Luz não é tudo isso que pensam, violência e miséria estão por lá tbém, acho que vc tem razão esse é o nosso país e é por ele que temos que torcer, eu espero morar fora um dia mas apenas como experiência de vida, por uns 3 anos, mas amo o Brasil e espero que um dia ele se assemelhe a Londres rsrsr lá sim eu iria chorar muitas vezes rsrs Bjossss

Marli Soares Borges disse...

Oi Lúcia,
Também quero as duas, mas se não for possível, paciência. Nesse caso, se ter razão é motivo para ser feliz, quero ter razão, caso contrário meu voto vai para a felicidade. Gostei do seu desabafo, às vezes temos que dar um basta nas contrições que vamos acumulando ao longo da vida para, na sequência, erguer a cabeça e prosseguir, não importa a situação geográfica, se aqui ou pelo mundo afora. Temos que prosseguir. É nosso compromisso com a vida. Bjs. Marli

Beth/Lilás disse...

Querida Lúcia!
E quem não quer as duas coisas?
É meio difícil sim, mas às vezes conseguimos.
Vivemos uma época do falar muito, todos querem se manifestar, devem, podem, mas sem ofender. Chamar de 'paizinho de m..." não é legal, não é certo, não é polido. Generalizar também é outro absurdo, como fez agora a Fifa na cartilha do Basil para principiantes. Qual é! Eu não faço nada daquilo e me senti também indignada, mas sinto-me muito mais ao ver o descaso em que somos tratados aqui dentro por nossos compatriotas e governantes. Seu desabafo é pertinente, assim como o de muitos outros contra tantos absurdos em que estamos mergulhados. Entendo como uma crítica sobre as críticas que você vê lá pelo Face, mas quem não critica afinal?
O nosso compromisso com a vida é ser feliz e se algo nos incomoda, devemos demonstrar ou extirpar como você está querendo dizer por aqui, né mesmo? É melhor decidir por ser feliz, pois razão todos acham que tem a sua. Fazer o quê?
Como bem disse a amada Chica "é fogo segurar a língua, mas precisamos dominá-la. Somos maiores que ela, e por deixar que ela fale destrambelhadamente, podemos perder momentos felizes."
um abraço carioca

ML disse...

Lucia Querida: re.suas aulas no Face, quem se recusa, e pior, reclama por aprender, e "de gratis", é um estúpido 360º; re. Brasil, até queria achar que o que temos de "bão" é maior, mas... olho o "polvo" e... tem jeito, não!
re. morar em terra alheia, é necessário uma série de fatores: coragem e oportunidade, mais identificação,abnegação, determinação, e sangue frio.
No mais, super sorte pros seus desejos pro nosso país. Eu sou bem menos otimista... bjssssssss

sheyla xavier disse...

Lucinha
Delícia de post,tudo verdade e mais ainda, não falo nada em favor de um país melhor.. é bom criticar , mas kd ajudar a mudar! Resolver os problemas dos outros é fácil demais, mas vai lá ajudar... rsrsr Gostaria de morar fora, por uns tempos, mas nunca abandonar meu país rsrs
Beijos, sua linda!!

Luma Rosa disse...

Oi, Lúcia!
Assino embaixo a sua indignação. Eu também amo esse paizinho de merda e por isso estamos em sua defesa. Não creio que alguém a esteja taxando de chata - você está fazendo a sua parte! Eu queria que todas as pessoas fossem como você, que se mostrassem, dessem suas opiniões sem máscaras e defendessem suas convicções. Um ser politizado é infeliz por natureza.
Bom fim de semana!!
Beijus,

Gisley Scott disse...

Segurar a língua é uma arte perdida na Internet. Tem gente que acha que porque está atrás de um pc pode tudo. O que é ridículo.Aonde foi o bom senso do Povo?

Graças a Deus pelas pessoas que ainda fazem da Internet um lugar agradável, como queridos blogueiros que encontrei por aqui.

Gostei do seu espaço,

Beijos!

Gisley Scott.